Domingo do amor e do perdão
Todos os evangelhos destacam em seus relatos a acolhida e compreensão de
Jesus para com os grupos mais excluídos da sociedade, segundo os critérios
religiosos da época: prostitutas, cobradores de impostos, leprosos... Seus gestos
e mensagem provocam escândalo: os desprezados pelas pessoas “importantes” e
lideranças religiosas têm um lugar privilegiado no coração de Deus. A razão é
só uma: são os mais necessitados de acolhida, compreensão, dignidade e amor
humano. Para Jesus o amor tem um valor supremo nas relações humanas.
Lucas é considerado o
evangelista da misericórdia e dos pobres, mas, é também o evangelista das mulheres
que também como os homens, seguiam a Jesus e o serviam. (cf. Lc 8,1-3) De fato, Lucas é quem cita
o maior número de episódios nos quais se demonstra o trato de Jesus com as
mulheres. Mas uma novidade é que a “Boa Notícia” de Deus para as mulheres, não
está nas abundantes citações de sua presença junto a Jesus, mas sim na conduta de
Jesus para com elas. Jesus as toca e se deixa tocar por elas, sem medo de ser
contaminado (Lc 7,39;
8,44-45.54) e
diferente dos outros mestres da época, Jesus aceita as mulheres como seguidoras
e discípulas (Lc
8,2-3; 10,39).
O evangelho deste Domingo (cf. Lc 7,30-8,3) introduz outra grande novidade a dignidade
da condição feminina. “O próprio comportamento de Jesus na casa de Simão
expressa o reconhecimento da bondade de certos valores e expressões da
personalidade feminina até então considerados com desprezo, como manifestações
de fraqueza antes que de amor. A redenção da condição feminina começa, no
evangelho, com a proclamação do primado do amor sobre a lei... a inovação mais
profunda se encontra no ‘ensinamento de Jesus’. Esta inovação consiste na
relativização do sexo e do matrimônio, mediante a posição dialética de um
segundo estado, ou estrutura, de vida: o celibato e a virgindade pelo Reino. Um
estado em que se realiza uma perfeita igualdade e onde não tem mais sentido a
distinção entre sexo forte e sexo fraco, exatamente porque não é um estado
baseado sobre o sexo (também se, evidentemente, não prescinde dele). A Igreja
das origens mostrou que compreendeu, neste ponto, a novidade do evangelho e
protegeu com uma honra extraordinária o estado virginal feminino... O
ensinamento de Jesus, vai muito mais longe ainda. Jesus declara que entre o
homem e a mulher o sexo não é a única relação possível, nem o único caminho de
integração e de comunicação; há todo um imenso setor da vida, por exemplo, a
evangelização e o Reino, onde, mesmo permanecendo idênticos, isto é, ou homem
ou mulher, eles podem trabalhar
juntos. Este era um ponto muito importante porque grande parte da subordinação
da mulher nascia dali: ser vista quase exclusivamente como o outro sexo, ou
antes, como puro e simples sexo, e o instrumento necessário para ter uma
descendência... Jesus, com a famosa sentença sobre a indissolubilidade do matrimônio,
faz o gesto inaudito de virar esta lógica e de pôr o amor e a fidelidade acima
até da descendência e da procriação: por nenhum motivo é licito despedir a
própria mulher!” (Cantalamessa,
2012.)...
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