sábado, agosto 04, 2012

Curso de Liturgia - Deus Que Fala


1.      O DEUS QUE FALA

I. Deus falou! Deus fala
           A Revelação, mistério primeiro

“Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. No período final em que estamos falou a nós por meio do Filho (... o qual), por sua palavra poderosa, é aquele que mantém o universo” (Hb 1,1-3)

-         Este texto inicial da Carta aos Hebreus celebra a Palavra: Deus falou, falou pelo Filho que é a Palavra! Três vezes a repetição de um termo que é específico de Deus e das criaturas humanas, criadas à sua imagem e semelhança.
-         Falar é o verbo que indica a ação da palavra proclamada, expressão do pensamento de quem se exprime. Palavra é dom que só o ser humano possui. Palavra não é expressão de um rumor qualquer. É expressão de um pensamento que antecede sua expressão, sua colocação para fora. Daí o seu valor. Falar sem penar anteriormente não é ato humano em sua totalidade. Ao exprimir suas primeiras palavras, ainda balbuciadas, a criança já quer indicar algo que está dentro dela. Não é sem sentido que chamamos de “matraca” uma pessoa que fala e fala sem parar, dizendo normalmente o nada do nada. A matraca emite um som, um ruído, sempre por igual, mais forte ou mais fraco, dependendo de quem a maneja.
-         Deus falou e fala. O ser humano fala, mas quanta diferença. Nesse tempo de crise da palavra as pessoas falam muito. A palavra pode vender um produto, tentar ganhar votos. Com a palavra consegue-se justificar a própria falta de ajuda a quem necessita. Palavras difamam. Pode-se utilizar a palavra do outro em proveito próprio. A palavra ofende, e como ofende. Com efeito, podemos retirar qualquer coisa de dentro de uma pessoa. Jamais uma palavra “mal dita”, ou maldita mesmo!
-         Deus, ao contrário, usou a palavra para construir a civilização do amor, o mundo do amor. Sua palavra fez-se carneSua palavra habitou entre nósSua Palavra de amor tornou-se o Deus-PalavraAs palavras do Verbo feito carne ecoaram no mundo inteiro. Afiada como espada de dois gumes, esta palavra continua ainda hoje cortando a carne do pecado e curando as feridas do mal.
-         Entre todos os símbolos da linguagem humana, sobressai a palavra. Esta é tão rica e tão plena que não é considerada um símbolo, mas simplesmente palavra, seja a Palavra, seja a palavra.
-         A natureza verbal tem sua origem na própria criação e recriação de Deus. Assim o encontramos em João, lembrando o Gênesis: no princípio já existia a Palavra, e a Palavra se dirigia a Deus e a Palavra era Deus (cf. Jo 1,1). “No princípio”, diz o Shökel, assim começa o Gênesis, a Torá, a Bíblia dos hebreus. João o corrige remontando a um período anterior a Gn 1,1: é o logos (ou seja, palavra). E essa Palavra se fez homem e acampou entre nós (cf. Jo 1,14): o logos se apresenta em pessoa, toma «carne» (em-carna-ação), se faz simples homem (shökel).
-         Falada ou escrita, verbalizada ou gesticulada, traduz, como nenhum outro símbolo íntimo do ser humano, o escondido no interior de cada um e de cada uma, criando as relações que mais interligam pessoas e grupos.
-         Vejamos como G. Stefani define a Palavra: «Entre todas as formas de comunicação, a palavra ocupa um lugar privilegiado. Muito mais do que qualquer forma, é ela a mais completa e rica em possibilidades. Não é sem razão que a linguagem verbal constitui o aspecto mais elevado da liturgia cristã. Sem ela não ha realidade do ser humano, nem expressão renovadora do invisível do mesmo ser humano».
-         «Ai palavra, ai palavras, que estranha potência a vossa!» (Cecília Meireles) (Teixeira, 2003.)


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