É com a sua debilidade que Jesus nutre os débeis, com a galinha nutre os seus pintinhos: de resto, ele mesmo se comparou à galinha: Quantas vezes – diz a Jerusalém – eu quis reunir os teus filhos sob as asas, como a galinha os seus pintainhos, e tu não o quiseste! (Mt 23,37).
Não vedes, irmãos, como a galinha participa da debilidade de seus pintinhos? Nenhuma outra ave exprime de modo tão evidente a sua maternidade. A galinha se faz de tal modo débil com seus filhinhos que, mesmo quando os pintinhos não lhe seguem, mesmo se tu ao enxergas os filhos, percebes que ela é mãe. As asas abaixadas, as penas encrespadas, o pio roco, em tudo tão esquecida de si, é de tal modo que, mesmo quando – como eu disse – não vês os pintinhos, percebes que é mãe.
Assim era Jesus, frágil e cansado pelo caminho. O seu caminho é a carne que por nós assumiu por nós. Porque, como poderia mover-se aquele que está em toda parte e que de parte alguma está ausente? Se vai, se vem, se vem a nós, é porque assumiu a forma da carne visível. Assim, porque se dignou vir a nós, aparecendo em forma de servo pela carne assumida, esta mesma carne é o seu caminho.
Por isso, cansado no caminho, que significa se não cansado na carne? Jesus é débil na carne, mas tu não deves ser débil; da debilidade dele deves retirar a força, porque a debilidade de Deus é mais forte que os homens (1Cor 1,25).
(Santo Agostinho, comentando o Evangelho da Samaritana)
Escrito por Dom Henrique
Nenhum comentário:
Postar um comentário