Como
é Deus?
Terminado o tempo pascal, concluído no domingo passado com a festa de
Pentecostes, voltamos ao Tempo Comum. Voltamos pela Liturgia a esse caminho
habitual de Jesus em seus anos de ensinamento pelas terras da Judéia e Galiléia
e caminho espiritual de todo cristão.
Depois da grandeza da Páscoa e Pentecostes a Igreja quer recordar-nos o
Mistério da Santíssima Trindade não com o objetivo de decifrá-lo, como
um complicado teorema. Nossa fé nos convida a aceitá-lo e reconhecê-lo nas
múltiplas manifestações que Deus mesmo nos dá ao longo da história da humanidade.
Este domingo, num certo sentido recapitula a revelação de Deus que
aconteceu nos mistérios pascais: morte e ressurreição, ascensão e efusão do
Espírito Santo. Com esta celebração a
Liturgia, elo entre o tempo pascal e o tempo ordinário, a Igreja nos propõe
chaves para descobrir a impressionante riqueza deste grande mistério que é sem
duvida a luz, a força e o alimento que necessitamos em nossa caminhada para
Deus.
Quem é Deus ou como é Deus? Na Liturgia da Palavra, “as três leituras
bíblicas que ouvimos são como três janelas; através de cada uma lançamos um
olhar sobre uma etapa da história da salvação, observando a ação ora de uma,
ora de outra das três Pessoas divinas (embora todas três operem contemporaneamente).”
(Cantalamessa, 2012.) O autor
do Livro dos Provérbios, (cf. Pr 8,22-31) acertou em suas imagens literárias. “A Sabedoria
de Deus” chega a se personificar no Filho, gerado desde o princípio, dialoga com
o Pai e é seu colaborador e conselheiro em todas as suas obras. "Eu estava
junto com ele como mestre-de-obra, eu era o seu encanto todos os dias.” (v.
30)
O texto nos propõe um ambiente de total familiaridade, inocência, quase
infantil. “Todo o tempo brincava na superfície da terra, encontrava minhas
delicias entre os homens.” (vv. 30-31) “Brincava em sua presença”, jogava com a bola da terra, um modo de expressar
poeticamente a ausência total de maldade, conflito ou divisão no seio da
Trindade. Tudo é beleza, paz, harmonia e ordem. Deus não é um solitário. A
criação é expressão dessa divina comunicação. Desde a eternidade, Deus já pensa
em nós e nos ama.
“Nós proclamamos a vossa grandeza, Pai Santo, a sabedoria e o amor com
que fizestes todas as coisas: criastes o homem e a mulher à vossa imagem e lhes
confiastes todo o universo..” (Oração Eucarística IV)
O Apóstolo Paulo (cf. Rm 5,1-5) “nos introduz numa atmosfera diferente: o
homem, criado à imagem de Deus, perdeu sua amizade por causa do pecado, sendo
destinado à perdição; porém, Deus não o abandona ao poder da morte, mas
empreende um grande plano de salvação – o da encarnação, paixão, morte e
ressurreição de Jesus Cristo –, e foi na execução desse plano que se revelou
plenamente ao homem o Filho de Deus... O Filho unigênito de Deus, escondido
desde a eternidade no seio do Pai e que estava com ele quando criava os céus,
manifestou-se, portanto, como Pessoa em Jesus Cristo e nos introduziu no
conhecimento do mistério de Deus Uno e Trino.” (Ibid.
Cantalamessa.)
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, estamos em paz com Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo.” (v. 1) O ser humano, criado para a comunhão com Deus e com os outros, a perdeu
pelo pecado. Deus restaura a unidade perdida pela encarnação de Jesus Cristo. E
como prova da “esperança, que não decepciona… o Espírito Santo foi
derramado em nossos corações.” (v. 5)
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