domingo, abril 21, 2013

PASTORES COM O CHEIRO DAS OVELHAS


PASTORES COM O CHEIRO DAS OVELHAS


Neste 4º domingo da Páscoa sempre lemos um trecho do capítulo 10 do Evangelho de São João, (cf. Jo 10,27-30) que é o capítulo do Bom Pastor, e aproveitamos este texto, que tem tons vocacionais, para ilustrar o convite que a Igreja nos faz neste dia a rezar pelas vocações.
No rescaldo da Páscoa voltam a ressoar as palavras que Jesus pronunciou antes de morrer. Depois da sua ressurreição tudo aquilo que Ele disse adquire uma profundidade nova, uma luminosidade distinta. Descobre-se então, todo o valor que sua mensagem tem. O Senhor disse que depois da sua partida, o Espírito recordaria aos seus discípulos suas palavras e os conduziria à Verdade. Num primeiro momento eles não compreenderam perfeitamente o que o Mestre lhes ensinava, mas logo penetrariam extasiados nas palavras que conduzem à vida eterna, que nos transmitem essa felicidade sem fim.
De todos os apóstolos, o que mais tardou em escrever suas recordações foi João. Antes de redigir seu evangelho, ele o pregou umas mil vezes, e, sobretudo, o meditou. Quantas horas de intensa oração do “discípulo amado”, quantos momentos de intimidade com o Mestre no silêncio da contemplação! O espírito de João se elevaria com frequência até o cimo da mais alta mística. A ele, como sabemos, se lhe simboliza com a águia, essa ave gigante que como dizem, alça seu voo majestoso sobre as mais altas nuvens, que penetra com seu olhar as distâncias mais remotas, que olha fixamente o sol.
Por tudo isso, quando João escreve, suas palavras adquirem uma luminosidade nova e maravilhosa. O mesmo Espírito que inspirou aos outros evangelistas estava por trás de sua pena. Mas Deus, o Autor principal, aceitou sempre o modo de ser de cada um dos autores secundários, respeitou ao máximo sua liberdade. João foi sempre um apaixonado, um homem que sabia querer com ternura e fortaleza a um tempo, que intuía mais que discorria. Talvez por tudo isso Jesus o preferisse aos outros. Além do mais era o mais jovem e tinha o coração limpo.
João recordava com emoção como Jesus falava de seu rebanho, pelo qual daria sua vida: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão...” (vv. 27-28) João havia escutado o Mestre de quem bebia suas palavras e agora nos convida a escutar da mesma forma, e que façamos de nossa vida o ensinamento divino de Jesus Cristo. Nesta pericope tão curta, mas tão densa em conteúdo, o evangelista fala que a fé é uma relação pessoal entre aquele que crê e Jesus. “Eu as conheço”, na linguagem bíblica a palavra “conhecer” tem conotações mais profundas do que no nosso uso comum, significa não tanto um saber intelectual. O “conhecer”, implica uma relação intima e profunda: o amar, o desejar o bem da pessoa, o sentir afeto por ela. É dizer, só se pode chegar a conhecer uma pessoa no âmbito da relação íntima e pessoal. Quanto mais uma pessoa é conhecida dessa maneira por Jesus, em virtude do caráter recíproco de toda relação pessoal, entra também no mundo da sua intimidade, lhe escuta com atenção e lhe segue com fidelidade e alegria. No evangelho de João, o “conhecer” quase se identifica com o crer. Jesus tem confiança em suas ovelhas, porque as ama e sente-se amado por elas. E, sobretudo, as ovelhas confiam nele.
“O pastor conhece as ovelhas, porque elas lhe pertencem, e elas o conhecem precisamente porque elas são as suas ovelhas. O conhecer e o pertencer são propriamente uma e a mesma coisa. O verdadeiro pastor não ‘possui’ as ovelhas como uma coisa qualquer, que se pode usar e gastar; elas ‘lhe pertencem’ precisamente no se conhecerem, e este ‘conhecer’ é um acolhimento interior. Significa um pertencer interior, que vai muito mais além do que a posse de coisas. Procuremos tornar isto claro com um exemplo da nossa vida. Nenhum homem ‘pertence’ a outro como uma coisa lhe pertence... “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10,30) O recíproco conhecer-se entre o Pai e o Filho é entretecido com o conhecimento recíproco do pastor e das ovelhas. O conhecimento que liga Jesus com os seus está no campo interior da sua comunhão de conhecimento com o Pai... VEJA MAIS AQUI!

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