Como
nosso “hosana” se converteu em “crucifica-o”
Todos os anos os livros litúrgicos assinalam este dia como “Domingo de
Ramos e da Paixão do Senhor”. Com esta expressão a liturgia da Igreja nos introduzno
mistério da Paixão e Morte de Jesus,dando-nos a chave para compreender, em sua
autêntica dimensão, os acontecimentos que fazemos presentenas celebrações dos
próximos dias da semana santa.Sim, porque nas celebrações litúrgicas a
comunidade cristã não apenas recorda ou dramatiza fatos que ocorreram no
passado; mas, “faz memória”, Istoé, atualizaos acontecimentos (”Kairós”) da
história da salvação.
A liturgia do Domingo de Ramos associa dois momentos radicalmente
contrapostos, separados tão somentepor poucos dias: a acolhida gloriosa de
Jesus em Jerusalém e sua crucifixão no Calvário, o “hosana” transbordante de
fervor e o impiedoso “crucifica-o!” Portanto, há dois aspectos nesta celebração
que se fazem presente em dois momentos distintos. Umcelebrar, bendizer e acompanhar
Jesus o que “vem em nome do Senhor”neste triunfo passageiro de suaentradaem
Jerusalém. Noutro momento, ressaltar o valor que temacompanhar Jesuse sentir-se
acompanhado por Eleno caminho de cada dia como o servo justo e humilde que
agrada o Pai e cumpre sua vontade. Inicia assim um caminho de justiçae humildade
que só é acreditado pelo povo simples que o acompanha.
Este é o único Domingo em que na liturgia lemos o relato da Paixão de
Jesus. É necessário que o povo cristão escute o “anuncio” da Paixão como o faziam
os primeiros cristãos, que escreveram estes relatos nos primeiros anos do
cristianismo para serem lidos e meditados emsuas celebrações.
Anarração da Paixão do “profeta da Galiléia” de São Lucas (Cf. Lc
22,14-23,56)segue uma tradição mais
antiga que as de São Marcos e São Mateus. É uma narração que veio precedida pela
importância que Jesus comunicou aos seus discípulos de ir a Jerusalém, porque um
profeta não pode morrer fora de Jerusalém (cf. Lc 13,33). Como profeta Ele foi
à morte, por sua vida e por suas palavras, à cidade santa onde se decidiam
todas as coisas importantes da religião judaica.
Com os relatos da paixão, não somente se pretende explicar as causas da
morte de Jesus, quem o matou, ou por que o mataram; mas o sentido que o próprio
Jesus deu a sua morte, como acontece no relato da última ceia com seus
discípulos(Cf. Lc 22, 14-20). Lucas nos apresenta as palavras de Jesus sobre o serviço, que
considera que sua morte “énecessária” para que o Reino de Deus seja uma
realidade mais real e efetiva.
Comeste relato Lucas conseguia explicar, numa catequese muito apropriada
a sua comunidade, que a Paixão do Senhor não é uma tragédia, mas que Jesus deu
à sua morte um sentido de entrega e de fidelidade a Deus-Pai.Nela se suaviza tudo
o que seja violência e dramaticidade.O evangelista não quer insistir nos sofrimentos,
por isso não narra os açoites, nem a coroação de espinhos. E a crucifixãoé
relatada muito brevemente.
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