segunda-feira, março 18, 2013

A força do olhar de amor e perdão


A força do olhar de amor e perdão


Às portas da semana santa, semana do “amor maior”. No V Domingo desta Quaresma Penitencial, a Palavra de Deus nos convida a olhar para o interior de nós mesmos fazendo um bom exame de consciência, pensando no modo como julgamos ou muitas vezes condenamos as atitudes daqueles que nos rodeiam, totalmente oposto ao olhar de amor de Jesus no confronto com a agressividade e a violência com que os mais frágeis são muitas vezes castigados.
O tempo da Quaresma, já quase no seu final, a paixão de Jesus, deve produzir uma reflexão sobre nossas faltas e ausências de amor ao próximo. Percorrendo esta ultima etapa deste itinerário de conversão em direção à Páscoa, aproveitemos a oportunidade de conversão e façamos a experiência do encontro com o amor, a ternura, o perdão e a misericórdia de Deus no Sacramento da Reconciliação e da Penitência.
No centro do relato da “mulher adúltera” (cf. Jo 8,1-11), muito provavelmente este episódio pertence aos últimos dias da vida de Jesus, vemos uma mulher indefesa, ameaçada, talvez agredida, enfrentando sozinha os seus acusadores. Talvez ela não estivesse arrependida, mas com certeza estava perturbada, assustada e envergonhada. Ela é deixada só, exposta diante da opinião pública com “o seu pecado”, jogada aos pés de Jesus. Esta mulher é a imagem exata do que era, naquele tempo, a mulher na sociedade, considerada uma propriedade do marido. Por isso o adultério mais do que um pecado de luxúria era um pecado contra a propriedade.
“Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério. Na Lei Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. Tu, pois, que dizes?” (vv. 4-5) O livro do Levítico diz que: “o homem que cometer adultério com a mulher do seu próximo deverá morrer, tanto ele como a sua cúmplice.” (Lv 20,10); e o Deuteronômio, exige: “os trareis ambos à porta da cidade e os apedrejareis até que morram... deste modo extirparás o mal do teu meio.” (Dt 22,24) Claro que Deus não exigiu isso, mas, a cultura da época impôs estas penas como exigências morais. É óbvio que Jesus não pode estar de acordo com a pena de morte, nem com a infâmia de que somente o ser considerado mais frágil (no caso a mulher) tenha que pagar publicamente.
A leitura “profética” que Jesus faz da lei põe em evidência uma religião e uma moral sem coração e sem entranhas. Jesus não mandou buscar o “companheiro” para que juntos pagassem. O que indigna a Jesus é a “dureza” de coração, camuflada no puritanismo de aplicar uma lei tão injusta como 
inumana. Os escribas e fariseus se mostravam empenhados em salvar a letra da lei, ainda que para isso tivessem que condenar pessoas; Jesus estava empenhado em salvar pessoas, interpretando para isso a lei a partir da compreensão e do amor.
Jesus escuta atento as acusações daqueles que haviam encontrado a mulher perdendo sua dignidade com um qualquer e o que se lhe ocorre é precisamente devolvê-la para sempre. De nada valia àquela mulher Ele lhe falar de um Deus libertador, se os responsáveis pela lei abandonaram a mulher e a deixaram a mercê de sua própria sorte. Jesus, pois, é o melhor intérprete do Deus Libertador que tem compaixão e escuta os clamores e penas dos que sofrem todo o peso de uma sociedade e duma religião sem misericórdia. Pouco lhe importa as histórias passadas daquela mulher. Para o Senhor, o momento presente, é o mais essencial. E, o mais desprezível, aqueles que sem ter poder para isso, se erguem em juízes dos defeitos dos outros.
“Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!” (v. 7) Quer dizer, se todos somos pecadores, por que não somos mais humanos ao julgar os outros? “Embora todos sejamos imperfeitos, acusando os outros como fiscais, julgamo-nos inocentes. VEJA MAIS AQUI!

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