sábado, fevereiro 16, 2013

As tentações nossas de cada dia


Padre José Assis


Na quarta-feira passada, com o rito penitencial das Cinzas, iniciamos a Quaresma, tempo de renovação espiritual para a celebração da Páscoa anual.
Neste primeiro domingo da Quaresma entramos neste itinerário quaresmal, neste tempo sagrado. A Quaresma é um dos tempos litúrgicos mais determinantes da vida cristã. É sempre um convite à conversão, porém está claro que não se pode fazer nenhuma mudança de atitude ou de pensamento sem ser movido ou fortalecido pela fé.
Já ouvimos alguma vez que se chama “quaresma” porque recorda o número quarenta, como os quarenta anos do povo hebreu no deserto antes de entrar na “terra prometida” ou os quarenta dias que Jesus passou no deserto preparando-se para sua grande missão.
Na nossa vida também nós atravessamos vários momentos de “deserto”. O deserto é o lugar do silêncio, da solidão, que nos coloca diante das grandes questões existenciais. A Quaresma é um tempo, como um retiro espiritual para fazermos um itinerário de reflexão sobre as tentações que nos assaltam no dia a dia, nos vários desertos que experimentamos na vida. Pois, é na firmeza e no sofrimento da nossa própria fé, que deveremos construir o caminho do Senhor nos novos desertos que a história nos coloca.
Neste primeiro domingo de Quaresma nos encontramos com um dos textos mais primitivos do Antigo Testamento (cf. Dt 26,4-10). “Uma solene profissão de fé (vv. 4,9) inserida numa liturgia de ação de graças pelos dons da terra, que prevê a oferta das primícias dos frutos das colheitas (v. 10). A profissão de fé tem a forma de uma narração que parte de Abraão, para chegar até à instalação na terra da promessa... A fé do povo de Israel nasce da História: um conjunto de acontecimentos, iluminados por palavras que lhe declaram o sentido. E porque intervém na história, o Senhor revela-se como o Deus vivo: um Deus que tem olhos para ver, coração para reagir, braço poderoso para intervir; um Deus que tem um projeto e que o persegue com uma fidelidade que compreende e ultrapassa os séculos.” (Casarin, 2009.) 
A confissão de fé do povo hebreu tem a força da experiência vital, dos que consideram que sua vida tem uma orientação determinada. Este povo nômade, descendente de Abraão, passou por numerosas vicissitudes até ser uma nação. Esse povo é Israel, que fez uma das experiências religiosas mais radicais, de um Deus que o escolheu dentre todos os povos e se comprometeu com sua história, povo que sentiu a libertação de Deus.

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