Padre José Assis Pereira Soares - Pároco de Fátima CG - PB
Na
realidade para alguns cristãos católicos a única vez que ouvem alguma leitura
bíblica é só quando vão à Missa. É certo que houve desde o século passado um
grande esforço por ler mais a Bíblia, mas de um modo geral ainda estamos longe
de centrarmos nossa vida na Palavra de Deus e isso é mais do que escutá-la ou lê-la
é sim, trazê-la no coração, no hoje de nossas vidas.
Diz-nos
o Papa Bento XVI que “a relação entre Cristo Palavra do Pai e a Igreja não pode
ser compreendida em termos de um acontecimento simplesmente passado, mas
trata-se de uma relação vital na qual cada dia, pessoalmente é chamada a entrar
[...] Mestra da escuta, a Esposa de Cristo repete, com fé, também hoje: ‘Falai,
Senhor, que a vossa Igreja escuta!” [...] Esta é uma comunidade que escuta e anuncia
a Palavra de Deus. A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; e do
Evangelho tira, sem cessar orientação para o seu caminho. Temos aqui uma
advertência que cada cristão deve acolher e aplicar a si mesmo: só quando se
colocar primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se anunciador”. (Verbum
Domini, 51)
Neste Domingo iniciamos a
proclamação do Evangelho de São Lucas que vai ser lido e meditado na Liturgia
Dominical da Igreja Católica ao longo deste ano. Antes de
entrar no núcleo da mensagem das leituras da Liturgia da Palavra deste domingo
que reside fundamentalmente no episódio da homilia de Jesus na Sinagoga de
Nazaré (cf. Lc 1,1-4; 4,14-21). Um episódio bastante distante da história de
Israel, relatado no livro de Neemias (cf. Ne 8,1-10) nos ajudará a entender a
novidade da mensagem de Jesus.
"Todo o
povo se reuniu... Disseram ao escriba Esdras que trouxesse o livro da Lei de
Moisés, que Iahweh havia prescrito para Israel. Esdras, trouxe a Lei diante da
assembleia, que se compunha de homens, mulheres e de todos os que tinham o uso
da razão... ele leu o livro desde a aurora até o meio-dia... todo o povo ouvia
atentamente a leitura do livro da Lei... E Esdras leu no livro da Lei de Deus,
traduzindo e dando o sentido: assim podia-se compreender a leitura”. (Ne 8, 2-3.8)
“Na sua
forma mais simples a homilia é a tradução da Palavra de Deus para proveito da
comunidade celebrante. O exemplo bíblico mais típico a esse respeito é a
leitura solene da Lei que Esdras fez, em 445 a.C. aos exilados que acabavam de
voltar do cativeiro da Babilônia... A tradição gostava de fazer remontar a
Neemias a origem do Targum, palavra
hebraica que significa tradução, a
tradução aramaica do texto hebraico, tradução que era utilizada na liturgia
sinagogal... Para a compreensão dos textos bíblicos, o Targum é para nós de extrema importância. Com efeito, tradução
alguma é pura, nenhuma reproduz perfeitamente o texto hebraico. Ela o lê
através do prisma do tradutor. O Targum representa
uma certa interpretação, ou ainda como se disse, uma tradução interpretativa.
Às vezes é difícil medir a distância que separa a tradução da interpretação,
trata-se aqui do começo da homilia. Na sua forma mais simples, dizíamos a
homilia é a tradução da Palavra. Na sua forma mais elevada a homilia é a
atualização da Palavra no nível da comunidade celebrante. O exemplo mais
perfeito sob esse aspecto é a homilia de Jesus na sinagoga de Nazaré.” (Deiss,
1998.)
Para
o Papa Bento XVI “a homilia constitui uma atualização da mensagem da Sagrada
Escritura, de tal modo que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a
eficácia da Palavra de Deus no momento atual da sua vida.” (Verbum Domini, n. 59)
O
relato da sinagoga de Nazaré, (cf. Lc 4,14-21) é uma construção muito
particular de Lucas; uma das cenas programáticas do terceiro evangelista que
quer dizer quem é Jesus e o que Ele veio fazer no meio da humanidade. É o
programa do profeta da Galiléia que vem a seu povo, Nazaré.
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