domingo, janeiro 27, 2013

A homilia de Jesus


Padre José Assis Pereira Soares - Pároco de Fátima CG - PB
 A Liturgia nos coloca hoje diante da imagem de uma assembleia heterogênea, plural, diversificada, católica, reunida para ouvir a Palavra de Deus. Somos permanentemente confrontados a colocar no centro de nossa vida a Palavra de Deus; ela é, verdadeiramente, o centro à volta do qual se constrói toda a experiência cristã bimilenar.
Na realidade para alguns cristãos católicos a única vez que ouvem alguma leitura bíblica é só quando vão à Missa. É certo que houve desde o século passado um grande esforço por ler mais a Bíblia, mas de um modo geral ainda estamos longe de centrarmos nossa vida na Palavra de Deus e isso é mais do que escutá-la ou lê-la é sim, trazê-la no coração, no hoje de nossas vidas.
Diz-nos o Papa Bento XVI que “a relação entre Cristo Palavra do Pai e a Igreja não pode ser compreendida em termos de um acontecimento simplesmente passado, mas trata-se de uma relação vital na qual cada dia, pessoalmente é chamada a entrar [...] Mestra da escuta, a Esposa de Cristo repete, com fé, também hoje: ‘Falai, Senhor, que a vossa Igreja escuta!” [...] Esta é uma comunidade que escuta e anuncia a Palavra de Deus. A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; e do Evangelho tira, sem cessar orientação para o seu caminho. Temos aqui uma advertência que cada cristão deve acolher e aplicar a si mesmo: só quando se colocar primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se anunciador”. (Verbum Domini, 51)     
Neste Domingo iniciamos a proclamação do Evangelho de São Lucas que vai ser lido e meditado na Liturgia Dominical da Igreja Católica ao longo deste ano. Antes de entrar no núcleo da mensagem das leituras da Liturgia da Palavra deste domingo que reside fundamentalmente no episódio da homilia de Jesus na Sinagoga de Nazaré (cf. Lc 1,1-4; 4,14-21). Um episódio bastante distante da história de Israel, relatado no livro de Neemias (cf. Ne 8,1-10) nos ajudará a entender a novidade da mensagem de Jesus.
"Todo o povo se reuniu... Disseram ao escriba Esdras que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que Iahweh havia prescrito para Israel. Esdras, trouxe a Lei diante da assembleia, que se compunha de homens, mulheres e de todos os que tinham o uso da razão... ele leu o livro desde a aurora até o meio-dia... todo o povo ouvia atentamente a leitura do livro da Lei... E Esdras leu no livro da Lei de Deus, traduzindo e dando o sentido: assim podia-se compreender a leitura”. (Ne 8, 2-3.8)
“Na sua forma mais simples a homilia é a tradução da Palavra de Deus para proveito da comunidade celebrante. O exemplo bíblico mais típico a esse respeito é a leitura solene da Lei que Esdras fez, em 445 a.C. aos exilados que acabavam de voltar do cativeiro da Babilônia... A tradição gostava de fazer remontar a Neemias a origem do Targum, palavra hebraica que significa tradução, a tradução aramaica do texto hebraico, tradução que era utilizada na liturgia sinagogal... Para a compreensão dos textos bíblicos, o Targum é para nós de extrema importância. Com efeito, tradução alguma é pura, nenhuma reproduz perfeitamente o texto hebraico. Ela o lê através do prisma do tradutor. O Targum representa uma certa interpretação, ou ainda como se disse, uma tradução interpretativa. Às vezes é difícil medir a distância que separa a tradução da interpretação, trata-se aqui do começo da homilia. Na sua forma mais simples, dizíamos a homilia é a tradução da Palavra. Na sua forma mais elevada a homilia é a atualização da Palavra no nível da comunidade celebrante. O exemplo mais perfeito sob esse aspecto é a homilia de Jesus na sinagoga de Nazaré.” (Deiss, 1998.)   
Para o Papa Bento XVI “a homilia constitui uma atualização da mensagem da Sagrada Escritura, de tal modo que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus no momento atual da sua vida.” (Verbum Domini, n. 59)
O relato da sinagoga de Nazaré, (cf. Lc 4,14-21) é uma construção muito particular de Lucas; uma das cenas programáticas do terceiro evangelista que quer dizer quem é Jesus e o que Ele veio fazer no meio da humanidade. É o programa do profeta da Galiléia que vem a seu povo, Nazaré.
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