domingo, dezembro 02, 2012

Em Cristo o sentido do tempo

Padre José Assis
Todos os anos começamos o novo ciclo litúrgico na Igreja Católica com o Advento, (do latim ad-ventus = “chegada”) que é presença e chegada. É uma presença de sempre e constantemente renovada, porque nos preparamos para celebrar o mistério do Deus que se encarna na grandeza de nossa miséria humana.
O Advento coexiste neste ambiente de nossa sociedade consumista, com a “operação natal”, através do comércio, da publicidade, já respirando o “natal mágico”. Vale a pena aproveitar esta antecipação, de um povo que não sabe esperar, e valorizando aquilo que é interessante, anunciar os valores absolutos sem os quais as pessoas não se realizam, nem alcançam a felicidade plenamente. É preciso cultivar uma “mística da espera”. Nossa espera pode ter diversos coloridos, sentimentos e emoções. Mas é ela que nos mantém vivos, em todos os sentidos.
O tema da espera é vivido na Igreja com a mesma oração que ressoava na assembleia cristã primitiva: Marana-thá = Vem Senhor! (cf. 1Cor 16,22; Ap 22,20) Todo o Advento ressoa como um "Marana-thá" nas diferentes modulações que esta oração adquire nas preces litúrgicas da Igreja.
A palavra do Antigo Testamento convida a repetir na vida a espera dos justos que aguardavam o Messias, esta certeza da vinda de Cristo estimula a renovar a espera da última aparição gloriosa na qual as promessas messiânicas serão totalmente cumpridas já que até hoje se cumpriram parcialmente.
O tema da espera do Messias e a comemoração da preparação para este acontecimento salvífico atingirão o seu auge nos dias que precedem o Natal, na chamada “Semana Santa do Natal”. A Igreja se sente submersa na leitura profética dos oráculos messiânicos. Lembra-se de nossos Pais na Fé, patrísticos e profetas, escuta o profeta Isaías, recorda o pequeno núcleo dos “anawim de Yahvé" = pobres do Senhor, que está ali para esperá-lo: Zacarias, Isabel, João Batista, José e a Virgem Maria.
O Advento é, pois, como uma intensa e concreta celebração da longa espera na história da salvação, como o descobrimento do mistério de Cristo presente em cada página do Antigo Testamento, do Gênesis até os últimos livros Sapienciais.

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