domingo, novembro 18, 2012

Como esperar o fim do mundo


Padre José Assis Pereira Soares

Chegamos aos últimos domingos do que nós cristãos católicos chamamos “Ano Litúrgico”. Agradecemos ao Senhor a graça que Ele nos concedeu de mais uma vez percorrermos esta caminho de fé na Igreja. Através da liturgia vivemos e atualizamos no hoje de nossa história o Mistério Pascal de Cristo, acolhendo em nossa vida pessoal e comunitária a Palavra de Deus. As leituras bíblicas dominicais, sobretudo este ano do Evangelho de São Marcos, nos encheram de esperança de transformação deste mundo abrindo-o ao Reino de Deus.
Ao terminar mais um ciclo litúrgico a Liturgia da Igreja e a Palavra de Deus que hoje nos é servida abre-nos a porta da Esperança. Reafirma mais uma vez que Deus irá transformar o mundo velho do egoísmo e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos. A humanidade não caminha para o holocausto, para a destruição, para o nada; mas caminha ao encontro desse mundo novo em que homens e mulheres, com a ajuda de Deus alcançarão.
O cristão deve olhar a história da humanidade numa ótica de fé e de confiança em Deus, nós não lemos a história atual da humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem saída; mas vemos os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida das sociedades como sinais de que o mundo velho será transformado e renovado, até surgir um mundo novo e melhor. Para o cristão não faz qualquer sentido deixar-se dominar pelo pavor, pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por angústias a propósito do fim do mundo.
O livro de Daniel (cf. Dn 12,1-3) surgiu num tempo de angústia dos judeus, trata-se do período dos Macabeus (II século a.C.) quando o povo de Deus era oprimido pela dominação grega selêucida.
“Para muitos judeus contemporâneos do autor do livro que escreveu em época de angústia como outra não houve desde que existem as nações, o fim da opressão do poder selêucida deveria coincidir com a manifestação escatológica de Deus.
Em meio à perseguição, Daniel proclama profeticamente a salvação que Deus dará a seu povo no tempo da angústia.
Deus não deixará desprotegido seu povo durante a perseguição. Miguel, chefe do exército celestial e protetor de Israel há de levantar-se para por em prática a sua missão de defender o povo judeu. O homem vestido com túnica de linho e encarregado de comunicar a revelação a Daniel (Dn 10,5.11-12), proclama que Deus salvará os que estiverem inscritos no livro (cf. Dn 7,10), inclusive ressuscitará os mortos e acontecerá o juízo divino que será definitivo: castigo eterno para

uns, vida eterna para outros. Na perspectiva divina, significa castigo aos que tramaram a ruína dos fiéis e salvação aos que confiaram e esperaram nela (cf. Dn 3,22.48; 6,24-25).” (Guijarro... 2004.)
O autor, à maneira e estilo apocalíptico, uma linguagem cheia de símbolos, imagens e figuras de difícil compreensão, quer leva-nos a dar um salto dos tempos difíceis; o conflito do povo de Deus com os dominadores, para os tempos finais e decisivos, dos quais a situação presente não é mais do que um prenúncio: a salvação final virá de Deus, trazida pela mediação de Miguel, o anjo protetor de Israel. Deus age na história, julgando-a; os escolhidos, comprometidos com Deus serão vitoriosos e participarão da vida divina, “brilharão como estrelas, por toda a eternidade” (v. 3).
Nem os profetas do Antigo Testamento como Daniel, nem os evangelistas como Marcos foram pregadores catastróficos do fim do mundo. Através da linguagem apocalíptica marcadamente simbólica, mas com uma mensagem perfeitamente perceptível para os seus leitores, numa conjuntura adversa de perseguição aos cristãos do primeiro século, Marcos (cf. Mc 13,24-32) vai descrever a falência dos poderes que lutam contra Deus e pretende envolver os seus leitores ou ouvintes no mistério do fim dos tempos e da história.
“Naqueles dias, porém, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará sua claridade, as estrelas estarão caindo do céu e os poderes que estão nos céus serão abalados. E verão o Filho do Homem vindo entre nuvens, com grande poder e glória. Então ele enviará os anjos e reunirá seus eleitos, dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu.” (v. 24-27)
Oculta por trás de toda esta representação cênica do fim do mundo, visto como uma espécie de terremoto cósmico ou cataclismo que destrói por completo o universo inteiro, há uma mensagem divina: O mundo não é eterno. A história tenderá a um fim.
Mas, mesmo com esta linguagem escatológica, “eschatom” se refere ao sentido e o destino final da história humana. Jesus não está pregando o fim do mundo, esse não era seu interesse. As imagens de um abalo cósmico, descrito como estrelas que caem, sol e lua que se apagam, etc. são uma fórmula usada no Antigo Testamento para descrever a queda de algum rei ou de uma nação opressora.
veja mais na página de artigos: http://www.paroquiadefatimacg.com/p/artigo-pe-assis.html 

Nenhum comentário:

Postar um comentário