Padre José Assis Pereira Soares
Chegamos aos últimos
domingos do que nós cristãos católicos chamamos “Ano Litúrgico”. Agradecemos ao
Senhor a graça que Ele nos concedeu de mais uma vez percorrermos esta caminho
de fé na Igreja. Através da liturgia vivemos e atualizamos no hoje de nossa
história o Mistério Pascal de Cristo, acolhendo em nossa vida pessoal e
comunitária a Palavra de Deus. As leituras bíblicas dominicais, sobretudo este
ano do Evangelho de São Marcos, nos encheram de esperança de transformação deste
mundo abrindo-o ao Reino de Deus.
Ao terminar mais um ciclo litúrgico a Liturgia
da Igreja e a Palavra de Deus que hoje nos é servida abre-nos a porta da Esperança.
Reafirma mais uma vez que Deus irá transformar o mundo velho do egoísmo e do
pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos. A humanidade não
caminha para o holocausto, para a destruição, para o nada; mas caminha ao
encontro desse mundo novo em que homens e mulheres, com a ajuda de Deus
alcançarão.
O cristão deve olhar a história da humanidade numa
ótica de fé e de confiança em Deus, nós não lemos a história atual da
humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem saída; mas
vemos os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida das sociedades
como sinais de que o mundo velho será transformado e renovado, até surgir um
mundo novo e melhor. Para o cristão não faz qualquer sentido deixar-se dominar
pelo pavor, pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por angústias a
propósito do fim do mundo.
O livro de Daniel (cf. Dn 12,1-3) surgiu num
tempo de angústia dos judeus, trata-se do período dos Macabeus (II século a.C.)
quando o povo de Deus era oprimido pela dominação grega selêucida.
“Para muitos judeus contemporâneos do autor do
livro que escreveu em época de angústia como outra não houve desde que existem
as nações, o fim da opressão do poder selêucida deveria coincidir com a
manifestação escatológica de Deus.
Em meio à perseguição, Daniel proclama
profeticamente a salvação que Deus dará a seu povo no tempo da angústia.
Deus não deixará desprotegido seu povo durante a
perseguição. Miguel, chefe do exército celestial e protetor de Israel há de levantar-se
para por em prática a sua missão de defender o povo judeu. O homem vestido com
túnica de linho e encarregado de comunicar a revelação a Daniel (Dn
10,5.11-12),
proclama que Deus salvará os que estiverem inscritos no livro (cf.
Dn 7,10),
inclusive ressuscitará os mortos e acontecerá o juízo divino que será
definitivo: castigo eterno para
uns, vida eterna para outros. Na perspectiva
divina, significa castigo aos que tramaram a ruína dos fiéis e salvação aos que
confiaram e esperaram nela (cf. Dn 3,22.48; 6,24-25).” (Guijarro...
2004.)
O autor, à maneira e estilo apocalíptico, uma
linguagem cheia de símbolos, imagens e figuras de difícil compreensão, quer leva-nos
a dar um salto dos tempos difíceis; o conflito do povo de Deus com os
dominadores, para os tempos finais e decisivos, dos quais a situação presente
não é mais do que um prenúncio: a salvação final virá de Deus, trazida pela
mediação de Miguel, o anjo protetor de Israel. Deus age na história,
julgando-a; os escolhidos, comprometidos com Deus serão vitoriosos e
participarão da vida divina, “brilharão como estrelas, por toda a eternidade” (v.
3).
Nem os profetas do Antigo Testamento como
Daniel, nem os evangelistas como Marcos foram pregadores catastróficos do fim
do mundo. Através da linguagem apocalíptica marcadamente simbólica, mas com uma
mensagem perfeitamente perceptível para os seus leitores, numa conjuntura
adversa de perseguição aos cristãos do primeiro século, Marcos (cf. Mc
13,24-32) vai descrever a falência dos poderes que lutam contra Deus e pretende
envolver os seus leitores ou ouvintes no mistério do fim dos tempos e da
história.
“Naqueles dias, porém,
depois daquela tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará sua claridade, as
estrelas estarão caindo do céu e os poderes que estão nos céus serão abalados.
E verão o Filho do Homem vindo entre nuvens, com grande poder e glória. Então
ele enviará os anjos e reunirá seus eleitos, dos quatro ventos, da extremidade
da terra à extremidade do céu.” (v. 24-27)
Oculta por trás de toda esta representação
cênica do fim do mundo, visto como uma espécie de terremoto cósmico ou
cataclismo que destrói por completo o universo inteiro, há uma mensagem divina:
O mundo não é eterno. A história tenderá a um fim.
Mas, mesmo com esta linguagem escatológica, “eschatom” se refere ao sentido e o
destino final da história humana. Jesus não está pregando o fim do mundo, esse
não era seu interesse. As imagens de um abalo cósmico, descrito como estrelas
que caem, sol e lua que se apagam, etc. são uma fórmula usada no Antigo
Testamento para descrever a queda de algum rei ou de uma nação opressora.
veja mais na página de artigos: http://www.paroquiadefatimacg.com/p/artigo-pe-assis.html

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