sábado, outubro 06, 2012

Há que se cuidar do amor


Padre José Assis - Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Campina Grande PB

Nestes tempos nos quais a sociedade assume a causa dos direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo, da mulher e da criança, parece assombroso para nós, o pouco peso que a mulher e a criança tinham na sociedade antiga e não só em países com forte tradição religiosa como Israel, mas também em Roma, onde o respeito pelo direito codificado, o famoso direito romano, eram mais que importantes. Sem duvida, a esposa era considerada menos que um escravo. O cristianismo traz às populações do vasto território ocupado pelo Império Romano uma nova dimensão de respeito à mulher, à criança e ao matrimônio.
Como sabemos uma criança em Israel não contava para nada; e muito menos uma mulher repudiada, “divorciada” ato no qual ela não tinha voz nem voto. A defesa de Jesus do matrimônio no evangelho de hoje (cf. Mc 10, 2-16) não se pode entender, em primeira e única instância, como um mandamento moral, mas sim como uma consequência da mensagem e defesa dos pobres e abandonados por parte de Jesus. A defesa da continuidade do matrimônio, sem rupturas, foi sim, num primeiro momento, uma defesa da mulher e da prole frente ao poder e a vaidade dos homens. A questão era revolucionária, de acordo com as demandas da sociedade daquela época e, assim, uma vez mais, Jesus de Nazaré se convertia em um revolucionário.
A meditação sobre a família proposto pela Liturgia deste domingo é um tema recorrente na ação evangelizadora da Igreja hoje e ocupa um lugar fundamental em nossa pastoral. A Liturgia da Palavra de hoje tem como tema central o matrimônio, ou melhor, o Amor. Já no princípio da Bíblia Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só”. (Gn 218) Estas palavras, postas na boca de Deus (cf. Gn 2,18-24) revelam que o ser humano, representado por Adão, é um ser social, criado para dialogar, para relacionar-se. O texto também sugere que a realização plena do ser humano acontece na relação e não na solidão. A vocação do homem e da mulher é o amor; homens e mulheres existem para que possam ajudar-se mutuamente a sair da solidão. Seu destino é encontrar-se, completar-se reciprocamente. Por outro lado, o texto sagrado não tem uma finalidade científica ou histórica, de ensinar a origem do mundo e da vida. O autor quer simplesmente dizer-nos, com uma linguagem teológica, que na origem da vida e do ser humano está Deus que abençoou a união do homem e da mulher para que sejam os dois “uma só carne”. (Gn 2,24)
Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e iguais em dignidade. A mulher não é só “a costela de Adão”, é alguém semelhante a ele, de sua mesma carne, sua companheira. Não devemos interpretar este texto dizendo que é “machista” porque a mulher ocupa um segundo plano! Deus concede um dom ao homem e a mulher que se unem em matrimônio, lhes dá um coração novo para que sejam capazes de se amar como Ele mesmo ama todas as criaturas. É esta uma verdadeira festa do amor, onde o amor triunfa.  O amor humano foi abençoado por Deus. Deus acolhe com carinho a história concreta de amor do homem e da mulher que querem unir suas vidas para sempre e eleva este amor a um nível verdadeira e misteriosamente divino. A partir deste momento Deus ama a cada um através do amor do outro, e cada um ama a Deus amando ao outro.
O amor do homem e da mulher é uma participação no amor que Deus nos tem. É um amor que toma a iniciativa. Não espera que o outro dê o primeiro passo. Lança-se por primeiro. É compreensivo, desculpa sem limites, crê sem limites, espera sem limites. Sabe perdoar porque não busca o próprio interesse, mais sim o do outro. É um amor pessoal. Leva a aceitar o outro como é, sem pretender mudá-lo, nem dominá-lo, nem anulá-lo. Quer a realização do outro sem escravidões ou dependências. É um amor total. ( VEJA O RESTANTE NA PÁGINA DOS ARTIGOS NO LINK: http://paroquiadefatimacg.blogspot.com.br/p/artigo-pe-assis.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário