Padre José Assis - Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Campina Grande PB
Nestes tempos nos quais a sociedade assume a causa
dos direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo, da mulher e da criança,
parece assombroso para nós, o pouco peso que a mulher e a criança tinham na
sociedade antiga e não só em países com
forte tradição religiosa como Israel, mas também em Roma, onde o respeito pelo
direito codificado, o famoso direito romano, eram mais que importantes. Sem
duvida, a esposa era considerada menos que um escravo. O cristianismo traz às
populações do vasto território ocupado pelo Império Romano uma nova dimensão de
respeito à mulher, à criança e ao matrimônio.
Como sabemos uma criança em Israel não contava para nada; e muito
menos uma mulher repudiada, “divorciada” ato no qual ela não tinha voz nem
voto. A defesa de Jesus do matrimônio no evangelho de hoje (cf. Mc 10, 2-16) não se pode entender, em primeira
e única instância, como um mandamento moral, mas sim como uma consequência da
mensagem e defesa dos pobres e abandonados por parte de Jesus. A defesa da continuidade do matrimônio,
sem rupturas, foi sim, num primeiro momento, uma defesa da mulher e da prole
frente ao poder e a vaidade dos homens. A questão era revolucionária, de acordo
com as demandas da sociedade daquela época e, assim, uma vez mais, Jesus de
Nazaré se convertia em um revolucionário.
A meditação sobre a família proposto pela Liturgia deste domingo é um
tema recorrente na ação evangelizadora da Igreja hoje e ocupa um lugar
fundamental em nossa pastoral. A Liturgia da Palavra de
hoje tem como tema central o matrimônio, ou melhor, o Amor. Já no princípio da
Bíblia Deus disse: “Não
é bom que o homem esteja só”. (Gn 218) Estas palavras, postas na boca de Deus (cf.
Gn 2,18-24) revelam que o ser
humano, representado por Adão, é um ser social, criado para dialogar, para
relacionar-se. O texto
também sugere que a realização plena do ser humano acontece na relação e não na
solidão. A vocação do homem e da mulher é o amor; homens e mulheres existem
para que possam ajudar-se mutuamente a sair da solidão. Seu destino é
encontrar-se, completar-se reciprocamente. Por outro lado, o texto sagrado não
tem uma finalidade científica ou histórica, de ensinar a origem do mundo e da
vida. O autor quer simplesmente dizer-nos, com uma linguagem teológica, que na
origem da vida e do ser humano está Deus que abençoou a união do
homem e da mulher para que sejam os dois “uma só carne”. (Gn 2,24)
Deus criou o homem e a mulher à sua
imagem e iguais em dignidade. A mulher não é só “a costela de Adão”, é alguém semelhante
a ele, de sua mesma carne, sua companheira. Não devemos interpretar este texto
dizendo que é “machista” porque a mulher ocupa um segundo plano! Deus concede
um dom ao homem e a mulher que se unem em matrimônio, lhes dá um coração novo
para que sejam capazes de se amar como Ele mesmo ama todas as criaturas. É esta
uma verdadeira festa do amor, onde o amor triunfa. O amor humano foi abençoado por Deus. Deus
acolhe com carinho a história concreta de amor do homem e da mulher que querem
unir suas vidas para sempre e eleva este amor a um nível verdadeira e
misteriosamente divino. A partir deste momento Deus ama a cada um através do
amor do outro, e cada um ama a Deus amando ao outro.
O amor do homem e da mulher é uma
participação no amor que Deus nos tem. É um amor que toma a iniciativa. Não
espera que o outro dê o primeiro passo. Lança-se por primeiro. É compreensivo,
desculpa sem limites, crê sem limites, espera sem limites. Sabe perdoar porque
não busca o próprio interesse, mais sim o do outro. É um amor pessoal. Leva a
aceitar o outro como é, sem pretender mudá-lo, nem dominá-lo, nem anulá-lo.
Quer a realização do outro sem escravidões ou dependências. É um amor total. ( VEJA O RESTANTE NA PÁGINA DOS ARTIGOS NO LINK: http://paroquiadefatimacg.blogspot.com.br/p/artigo-pe-assis.html
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