terça-feira, maio 15, 2012

Livro com a mensagem de Bento XVI para o Dia da Comunicação disponível para download

PopeBenedictWriting“Silêncio e Palavra: caminho de evangelização” é o tema para o próximo 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais proposto pelo papa Bento XVI, que será celebrado no dia 20. No pensamento do papa, agora também disponível para download em português (http://www.pccs.va/images/mesa_comun/PDF/brasil-Livreto.pdf), o silêncio não é apresentado simplesmente como uma forma de contraposição a uma sociedade caracterizada pelo fluxo constante e incontrolável de ruídos na comunicação, mas como um elemento necessário de integração.
Segundo o papa, o silêncio favorece a dimensão do discernimento e do aprofundamento e pode ser visto como um primeiro grau de acolhimento da palavra. Não há dualidade entre “Silêncio e Palavra”, mas complementaridade entre ambos os termos que, em seu equilíbrio, aumenta o valor da comunicação e torna-as fecundas no serviço da nova evangelização.
“Silêncio e palavra” nos convocam a uma reflexão sobre o silêncio fundador, este que se relaciona irrevogavelmente com a Palavra. Portanto, fazer da comunicação um ato pleno de contato com Deus, com o próximo e com a sociedade exige que antecipadamente instituamos o silêncio como um modo de estabelecer comunhão. “Silêncio e palavra” são recursos que possuem uma base sólida capaz de nos conduzir à comunicação plena.
Para aprofundar o tema, a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, da CNBB, está encaminhando a todas as arquidioceses e dioceses o livreto para o Dia Mundial das Comunicações, que contém: A mensagem do Papa Bento XVI; Uma reflexão de dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, sobre o texto do Papa; Sugestões de como celebrar e comemorar o Dia Mundial das Comunicações, organizadas pela assessora de comunicação da arquidiocese de Vitória, Maria da Luz Fernandes.
veja aqui!

PaPa Bento XVI© PAULUS – 2012
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627
Tel. (11) 5087-3700
www.paulus.com.br
editorial@paulus.com.br
© Copyright 2012 – Libreria Editrice Vaticana3
aPReSentaÇÃo
“Silêncio e Palavra: caminho de evangelização” é o tema 
para o próximo 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais 
proposto pelo Papa Bento XVI, que será celebrado no dia 20 de 
maio de 2012. 
No pensamento do Papa, o silêncio não é apresentado 
simplesmente como uma forma de contraposição a uma sociedade caracterizada pelo fluxo constante e incontrolável de 
ruídos na comunicação, mas como um elemento necessário de 
integração. O silêncio favorece a dimensão do discernimento 
e do aprofundamento e pode ser visto como um primeiro grau 
de acolhimento da palavra. Não há dualidade entre “Silêncio e 
Palavra”, mas complementaridade entre ambos os termos que, 
em seu equilíbrio, aumenta o valor da comunicação e torna-as 
fecundas no serviço da nova evangelização. 
“Silêncio e palavra” nos convocam a uma reflexão sobre 
o silêncio fundador, este que se relaciona irrevogavelmente 
com a Palavra. Portanto, fazer da comunicação um ato pleno 
de contato com Deus, com o próximo e com a sociedade exige 
que antecipadamente instituamos o silêncio como um modo de 
estabelecer comunhão. “Silêncio e palavra” são recursos que 
possuem uma base sólida capaz de nos conduzir à comunica-
ção plena.4
Para aprofundar o tema, a Comissão Episcopal Pastoral 
para a Comunicação está encaminhando a todas as Arquidioceses e Dioceses o livreto para o Dia Mundial das Comunicações, 
que contém:
A mensagem do Papa Bento XVI; 
Uma reflexão de Dom Dimas Lara Barbosa, Arcebispo de 
Campo Grande e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral 
para a Comunicação sobre o texto do Papa; 
Sugestões de como celebrar e comemorar o Dia Mundial 
das Comunicações, organizadas pela Assessora de comunica-
ção da Arquidiocese de Vitória, Maria da Luz Fernandes.
A Comissão para a Comunicação agradece às editoras 
“Paulus” e “Paulinas” que imprimem, gratuitamente, 15 mil 
exemplares, alternadamente, todos os anos o material para o 
Dia Mundial das Comunicações.
Desejamos a todos que o Dia Mundial das Comunicações 
seja comemorado e celebrado com todo o Povo de Deus, para 
que a Igreja no Brasil se comprometa, cada vez mais, a comunicar Cristo a todos com a cultura da comunicação gerada pelas 
novas tecnologias.
 Ir. Élide Maria Fogolari
Assessora da Comissão para a Comunicação5
SIlêncIo e PalaVRa: 
camInho de eVangelIzaÇÃo
Amados irmãos e irmãs,
Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais 
de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre 
um aspecto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo 
hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação 
entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que 
se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter 
um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. 
Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca certo aturdimento ou, no 
caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém, 
se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.
O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, 
não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos 
e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se 
o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como 
exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se 
exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, 
por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. 
Deste modo, abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se 6
possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por 
exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da 
comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão 
do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No 
silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que 
encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunica-
ção ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela 
capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a 
natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são 
abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é 
importante daquilo que é inútil ou acessório. Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre acontecimentos que, à primeira vista, pareciam não ter ligação entre si, 
a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam 
compartilhar opiniões ponderadas e pertinentes, gerando um 
conhecimento comum autêntico. Por isso é necessário criar um 
ambiente propício, quase uma espécie de “ecossistema” capaz 
de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.
Grande parte da dinâmica atual da comunicação é feita 
por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa 
e as redes sociais são o ponto de partida da comunicação para 
muitas pessoas, que procuram conselhos, sugestões, informa-
ções, respostas. Em nossos dias, a Rede vai-se tornando cada 
vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem 
de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a 
questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O 
silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento 
entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebe-7
mos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e 
diversificado da comunicação, aflora a preocupação de muitos 
pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? 
Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pessoas que se põem estas questões, criando a 
possibilidade de um diálogo profundo, feito não só de palavra e 
confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, 
que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta 
apressada, permitindo a quem se interroga descer até o mais 
fundo de si mesmo e abrir-se para aquele caminho de resposta 
que Deus inscreveu no coração do homem.
No fundo, este fluxo incessante de perguntas manifesta a 
inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades, pequenas ou grandes, que deem sentido e esperança à existência. 
O homem não se pode contentar com uma simples e tolerante 
troca de cépticas opiniões e experiências de vida: todos somos 
perscrutadores da verdade e compartilhamos este profundo anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, “quando as pessoas 
trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua 
visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais” (Mensagem 
para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011).
Devemos olhar com interesse para as várias formas de sites, 
aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem   atual 
não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, 
mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de ora-
ção, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só 
versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se 8
cada um não descuidar do cultivo da sua própria interioridade. 
Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, 
a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que 
dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala 
também sem palavras: “Como mostra a cruz de Cristo, Deus 
fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a 
experiência da distância do Onipotente e Pai é etapa decisiva 
no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) 
O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes 
momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio” (Exort.
ap. pós-sinodal Verbum Domini, 30 de setembro de 2010, n. 
21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus 
vivido até o dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra 
permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando “o Rei 
dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou 
os que dormiam há séculos” (cf. Ofício de Leitura do Sábado 
Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.
Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o 
homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus 
e de Deus. “Temos necessidade daquele silêncio que se torna 
contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora” 
(Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros 
da Comissão Teológica Internacional, 6 de outubro de 2006). 
Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da 
contemplação silenciosa. Desta contemplação nasce, em toda 
a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade impe-9
riosa de “anunciar o que vimos e ouvimos”, a fim de que todos 
estejam em comunhão com Deus (cf. 1Jo 1,3). A contemplação 
silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao 
encontro do nosso próximo, para sentirmos o seu sofrimento e 
lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua Mensagem de vida, o seu 
dom de amor total que salva.
Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte 
aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-
-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras 
e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o 
Concílio Vaticano II, a Revelação divina realiza-se por meio 
de “ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal 
modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, 
manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas 
pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras 
e esclarecem o mistério nelas contido” (Const. dogm. Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus 
de Nazaré, mediador e plenitude de toda a Revelação. Foi Ele 
que nos deu a conhecer o verdadeiro Rosto de Deus Pai e, com 
a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão 
fundamental sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério 
de Cristo. É desse Mistério que nasce a missão da Igreja, e é 
esse Mistério que impele os cristãos a tornar-se anunciadores de 
esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove 
a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.
Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer 
aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é 10
particularmente importante paras os agentes da evangelização: 
silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes 
da ação comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de 
Jesus Cristo no mundo contemporâneo. A Maria, cujo silêncio 
“escuta e faz florescer a Palavra” (Oração pela Ágora dos Jovens 
Italianos em Loreto, 1-2 de setembro de 2007), confio toda a 
obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de 
comunicação social.
Vaticano, 24 de janeiro de 2012 – Dia de São Francisco de Sales.
BenedIctUS PP XVI11
SIlêncIo e PalaVRa
O Papa Bento XVI escolheu o tema Silêncio e Palavra: caminho de evangelização para ser refletido por ocasião do 46
o
Dia Mundial das Comunicações Sociais, que acontecerá no dia 
20 de maio de 2012, no domingo que precede a Festa de Pentecostes.
O silêncio normalmente é bem-vindo. A lei do silêncio em 
nossas metrópoles é mais que necessária. Já não suportamos 
o barulho de nossas grandes cidades. No entanto, muito mais 
grave do que o ruído exterior, existe o ruído interior, que nos 
dispersa e, muitas vezes, nos desequilibra: são imagens interiores, apelos, pensamentos, desejos, que nos incomodam, amedrontam, inquietam. Esse ruído interior é mais difícil silenciar.
A proposta do Papa, portanto, nos desafia e desinstala. 
Como conciliar silêncio e comunicação? Como propor o tema 
do silêncio para uma geração conectada 24 horas?
Para o Santo Padre, não há dualidade, mas complementaridade entre silêncio e palavra que, em seu equilíbrio, aumenta 
e dá consistência e valor à própria comunicação, transformada 
em elemento indispensável no serviço da nova evangelização.
Nesse sentido, o silêncio não é visto como uma forma de 
contraposição a uma sociedade caracterizada pelo fluxo constante e contínuo das informações, mas como um necessário 
elemento de integração. O silêncio é parte integrante da comunicação. Silêncio e Palavra são como que as duas asas pelas 
quais a comunicação acontece em profundidade e verdade.12
Equilíbrio: eis uma palavra-chave. Eis aqui o convite a nos 
desinstalarmos. Que exigências esse equilíbrio traz consigo? Já 
não temos tempo suficiente para tantas atividades, e teremos 
que arranjar mais um pouco para momentos de silêncio?
Na verdade, todo artista sabe e experimenta a necessidade 
do silêncio para sua obra criativa. Não há como produzir sem 
antes ter parado demoradamente em alguma ideia, ruminando-
-a no mais íntimo de si mesmo. Somos feitos de silêncio e som, 
como cantava Lulu Santos na década de 80, já tomada pelo 
frenesi da vida pós-moderna. E a obra criativa, diria até cocriadora, que o Papa nos convida a realizar é a evangelização.
Silêncio e Palavra são caminhos para a Evangelização. Ou 
melhor, constituem um único caminho, em que Deus é autor, 
origem, companheiro de caminhada, meta e porto seguro de 
toda a existência humana. Palavra que é sempre nova, que não 
se repete, pois é o próprio Verbo a falar, da perene novidade 
do Eterno que entrou no tempo. E também nós, ouvintes, nunca somos os mesmos... Silêncio que é fecundo, que é gerador, 
porque dá espaço para a pessoa crescer, para ser ela mesma, 
porque o silêncio é o lugar da escuta.
Daqui já surgem pistas importantes para quem atua na 
área da Comunicação. Na base de toda evangelização, está o 
convite a fazer a experiência de ser atingido pela Palavra e de 
saboreá-la no silêncio. Evangelizar é trazer a pessoa para um 
encontro pessoal com Cristo –“seduziste-me Senhor, e eu me 
deixei seduzir” (Jr 20,7). Daí a importância fundamental da reflexão de Bento XVI: “... não se começa a ser cristão por uma 
decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um 
acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte 13
à vida e, com isso, uma orientação decisiva”.
1
 Precisamos de 
verdadeiras  comunidades mistagógicas, capazes de irradiar o 
fascínio por Jesus Cristo.
É por isso que o Papa quis relacionar Silêncio e Palavra com 
o próximo Sínodo dos Bispos, cujo tema será A nova evangelização para a transmissão da Fé Cristã. Afinal, existe uma relação 
profunda entre comunicação e transmissão da Fé Cristã, que tem 
sido amplamente estudada, aprofundada e amadurecida não só 
na reflexão de uma bela plêiade de teólogos e comunicadores, 
mas também do próprio magistério pontifício e episcopal.
“Os meios de comunicação invadiram todos os espaços 
e todas as conversas, introduzindo-se também na intimidade 
do lar. Ao lado da sabedoria das tradições, localizam-se agora, 
em competição, a informação de último minuto, a distração, 
o entretenimento, as imagens dos vencedores que souberam 
usar a seu favor as ferramentas tecnológicas e as expectativas de 
prestígio e estima social”.
2
 Podem, assim, ser colocados entre 
os areópagos dos novos tempos.
3
 O Papa Bento XVI afirmava, 
já em 2009, que estamos vivendo em um  continente digital, 
chamados a evangelizar numa arena digital.
Este continente, de que todos fazemos parte, apresenta 
imensos desafios, como a exclusão digital, a perda da privacidade, a violência, a alienação cultural e a violação dos direitos 
das pessoas. Ao mesmo tempo, apresenta grandes oportunidades como o acesso à informação, o trabalho em rede, a colaboração científica entre grupos, a partilha de valores culturais 
1
 BENTO XVI, Deus Caritas Est, n.1; Documento de Aparecida, n. 2.
2
 Documento de Aparecida, n. 39.
3
 Cf. ibid., n. 491.14
entre comunidades, a rapidez para promover e difundir informações, as possibilidades de investimento econômico, a difusão da arte e o acesso ao conhecimento. Evangelizar neste novo 
continente sem fronteiras geográficas significa estabelecer um 
profundo diálogo do Evangelho com a cultura midiática.
O tema  Silêncio e Palavra: caminho de evangelização, 
proposto pelo Papa Bento XVI, tem um significado educativo 
e uma urgência pastoral para a família, para a Igreja e para a 
sociedade como um todo. Afinal, qual o lugar ocupado pelo silêncio no meio dessa crescente abundância de estímulos sobre 
a sociedade e da contínua necessidade de estarmos sempre conectados em rede e imersos no imenso oceano de informações 
oriundo da internet, das redes sociais, dos celulares e de todas 
as mídias que nos envolvem constantemente?
O ser humano é, por natureza e vocação, um ser relacional. 
A comunicação inclui as relações abrangentes da pessoa com 
seus semelhantes, com a sociedade e com as culturas. Dessa forma, os meios de comunicação, muito além de favorecer o acesso 
e a difusão de conhecimentos e de informação, estimulam e são 
instrumentos para a criação de formas totalmente novas de convivência humana. Hoje, fala-se que o próprio planeta se tornou 
uma “aldeia global”, onde estamos todos interligados. Isso nos 
faz ainda mais responsáveis pelas nossas escolhas, pelas nossas 
atitudes, pelo compromisso com o outro, com a ética, a cultura 
e a sociedade. Daí a necessidade sempre mais aguda de uma 
comunicação para a paz, a solidariedade, a difusão de valores 
universais que estejam em sintonia com a própria natureza relacional do ser humano. Daí a necessidade imperiosa de cultivar o 
silêncio como base da fecundidade do processo comunicativo.15
Em sua mensagem de 24 de janeiro de 2012, dia de São 
Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, Bento XVI nos lembra: “É no silêncio que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, 
que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente 
intensa de expressão”. O silêncio não fala, mas significa. A palavra, no silêncio, encontra seu significado e seu lugar. Ou seja, 
palavra e silêncio são realidades complementares e não antagô-
nicas ou dicotômicas. Isso vale também para a cultura digital.
O continente digital oferece relações rápidas através das novas tecnologias. A imensa rede de informações abre-nos milhões 
de janelas e perspectivas. Uma infinidade de sons, imagens e 
palavras, de notícias, documentários, convites, insinuações, das 
mais variadas formas de entretenimento das mídias interativas 
envolve-nos em contínuos ruídos e, não raro, geram uma sensa-
ção de insegurança e de fragmentação. O silêncio vem fermentar 
o universo virtual para que o torne mais atraente e fecundo, evitando, assim, o reducionismo da comunicação a seus suportes 
tecnológicos. Estes, ainda que muito importantes, não garantem 
o processo relacional próprio da natureza humana.
A ausência do silêncio na comunicação pode gerar alienação e perda da identidade das pessoas. O silêncio nos ajuda 
a ponderar, a refletir, a entrar em contato com os desejos mais 
profundos do coração humano. Quando em silêncio, nossas 
palavras e sentimentos encontram-se, para juntos caminharem 
e, quanto mais sintonizados os dois, maior a qualidade e a originalidade da comunicação.16
No silêncio encontramos a ambiência de nosso processo 
criativo. Os artistas encontram no silêncio o caminho da cria-
ção. Estudar requer silêncio. O processo de amadurecimento 
da vida acontece no silêncio do existir. No silêncio, a ação é 
fortalecida. A dor e o sofrimento só cicatrizam no cadinho do 
silêncio em sintonia com a vida. É no silêncio que Deus nos 
fala ao coração e encontramos o sentido pleno da vida.
A vocação do Profeta Elias representa um marco na histó-
ria da espiritualidade. De maneira muito mais profunda do que 
acontecia em outras teofanias, Deus não lhe fala nas convulsões da natureza. Sua experiência do Sagrado se dá no silêncio, 
no “murmúrio de uma suave brisa” (cf. 1Rs 19,9ss).
O místico oscila entre a palavra e o silêncio. Quer comunicar sua experiência do Absoluto, mas não encontra palavras 
adequadas. Afinal, quando falamos da grandeza do Criador, 
nossa linguagem será sempre inadequada.
Ao longo dos séculos, inúmeras gerações de contemplativos vão beber nessa mesma fonte, confirmada de maneira sublime pelo próprio Senhor. De fato, Jesus, antes de proclamar 
uma mensagem ou realizar um milagre, procurava o silêncio 
e o recolhimento. Ele reza para escolher seus discípulos (Lc 
6,12); busca o silêncio antes de ser batizado por João Batista (Lc 
3,21); coloca-se em recolhimento quando toma consigo Pedro, 
João e Tiago para subir ao Monte para rezar (Lc 9,28b-36).
O cristão torna-se verdadeiro comunicador na cultura digital quando faz a experiência do silêncio e da palavra na pró-
pria vida. A originalidade e a força de sua mensagem hão de 
ser geradas no encontro profundo entre ele e a Palavra Eterna 
(cf. Jo 1,1ss). Só assim, sua mensagem se torna novidade e não 
repetição. Testemunho e não apenas informação.17
Por tudo isso e muito mais, o tema Silêncio e Palavra: caminho de evangelização é atual e urgente. Para todo cristão, a sinergia e a integração entre silêncio e palavra são fundamentais 
para seu crescimento humano, seu amadurecimento espiritual 
e sua missão de anunciar a Boa-Nova a todos os povos. Aí, os 
recursos técnicos se tornam canais para a transmissão de algo 
verdadeiramente inovador; a interatividade será oportunidade 
de diálogo e relação; a transmissão de conhecimento será ferramenta para uma vida mais consciente e comprometida. A missão requer o discipulado, a evangelização exige a escuta, não 
só de quem recebe a mensagem do Evangelho, mas também 
de quem a propõe. Sem o silêncio, que é parte integrante da 
comunicação, não há palavras densas de conteúdo.
Silêncio e Palavra tornam-se um convite a repensarmos 
como e para quem fazemos Comunicação; a buscarmos o equilíbrio que vem de Deus, tal qual uma orquestra, com seus sons 
e pausas harmoniosamente combinados numa sinfonia vibrante 
que anuncia a beleza da vida, que anuncia o Homem ao homem.
Como lembra o Papa na referida mensagem aos jornalistas, 
“na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em 
toda a história da humanidade”. A pergunta fundamental sobre o 
sentido da vida humana só encontra resposta adequada à luz do 
Mistério do Verbo Encarnado. “É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se 
anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor 
que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz”.
Dom Dimas Lara Barbosa, Arcebispo de Campo Grande – MS
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação18
SUgeStõeS PaRa celeBRaR
o dIa mUndIal daS comUnIcaÇõeS SocIaIS
20 de maio de 2012
SIlêncIo e PalaVRa: camInho de eVangelIzaÇÃo
“... Estes meios de comunicação (meios de comunicação 
social), de fato, destinados pela sua natureza a espalhar o pensamento, a palavra, a imagem, a informação e a publicidade, 
enquanto influenciam a opinião pública e, consequentemente, 
o modo de pensar e agir de cada indivíduo e dos grupos sociais, 
exercem também uma pressão sobre os espíritos, que incide 
profundamente sobre a mentalidade e sobre a consciência do 
homem, impelido como ele é, e quase submerso, por muitas e 
contrastantes solicitações”. Estas são palavras do Papa Paulo VI 
na mensagem para a primeira comemoração do Dia Mundial, 
instituído no Concílio Vaticano II em 1967, pelo Decreto Inter 
Mirifica (18).
O Dia Mundial das Comunicações é uma ocasião propícia 
para comemorar o bem que a Igreja e a sociedade realiza com 
a comunicação; para motivar e incentivar novas iniciativas, novos grupos e novas reflexões; para conscientizar sobre a necessidade de inserir-se na nova cultura da comunicação e propor o 
Evangelho a essa nova realidade.
Por todo o país acontecem inúmeras iniciativas, em geral 
coordenadas pela PASCOM, que procura trabalhar o sentido 
de evangelizar as ações comunicativas da Igreja e incentivar os 19
profissionais da área a buscarem constantemente os “sentidos 
da comunicação”.
Para 2012, o Papa Bento XVI escolheu o tema Silêncio e 
Palavra: caminho de evangelização. Segundo o Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, “não há nenhum dualismo, mas complementaridade das duas funções que, em um 
adequado equilíbrio, enriquecem o valor da comunicação e a 
convertem em um elemento essencial do serviço à nova evangelização”. Para o Papa Bento XVI, “o silêncio não representa 
somente certo contrapeso em uma sociedade marcada pelo 
contínuo e incessante fluxo comunicativo, mas é um elemento 
essencial para a sua integração”, diz o comunicado, e acrescenta: “O silêncio é o primeiro passo para acolher a palavra, 
precisamente porque favorece o discernimento e o aprofundamento”. 
como celebrar o dia mundial das comunicações Sociais?
Se a criatividade é valorizada em todas as esferas sociais, 
na comunicação ela é intrínseca, indispensável. Portanto, a 
criatividade com bom senso e respeito pelos rituais e ritos das 
comemorações é fundamental. Valorizar a proposta do tema e 
fazer dele uma temática a ser refletida também é importante. 
Mas o principal é que a PASCOM se empenhe na divulgação 
e disponibilize materiais que favoreçam a criatividade de cada 
região.
Recebemos diversas sugestões de experiências realizadas 
nos anos anteriores, nos diferentes cantos do país, que podem 
ser utilizadas, adaptadas e até recriadas. Agrupamos em duas 20
dimensões e as propomos com o objetivo de motivar e sugerir 
modos para comemorar. São apenas sugestões que podem inspirar outras ou ser utilizadas da mesma forma.
Sugestões para celebrações da eucaristia e/ou da Palavra:
1. Convidar os profissionais de Comunicação a trazerem seus 
instrumentos de trabalho e, no final da Celebração, o celebrante abençoar esses instrumentos;
2. Intenções no momento da motivação inicial que expressem 
o sentimento da arqui (diocese) ou paróquia com relação 
às iniciativas de evangelização pelos meios de comunica-
ção social;
3. Cantos relacionados ao tema da Comunicação;
4. Fazer memória do processo de Comunicação local no momento de recordação da vida (após a saudação inicial do 
celebrante);
5. No momento das oferendas, apresentar produções locais 
de Comunicação;
6. No momento das preces, existem algumas opções: 1. fazê-
-las cantadas; 2. apenas cantar um refrão; 3. apresentar em 
cartazes a palavra importante contida na prece; 4. cantar as 
preces na forma de ladainha. 
7. Em 2008, a PASCOM da Igreja no Brasil foi entregue à proteção de Nossa Senhora Aparecida durante o encontro nacional de coordenadores. Entronizar a imagem de Nossa 
Senhora antes da procissão de entrada, ou após a saudação 
inicial do presidente da celebração e renovar essa entrega, 
além de uma ideia, é quase uma obrigação da PASCOM.21
Sugestões de outras iniciativas (no dia ou semana)
 1. Palestra aberta a quem quiser participar para aprofundar o 
tema: Silêncio e Palavra: caminho de evangelização;
 2. Palestras sobre temas de Comunicação para os profissionais 
que pensam e trabalham na comunicação da Igreja; 
 3. Oficinas para aperfeiçoar o modo de fazer comunicação na 
Igreja;
 4. Entrevistas no Rádio, TV e impressos sobre as comemora-
ções e o tema;
 5. Café da manhã ou coquetel com profissionais de comunicação para estreitar as relações Igreja x Imprensa local;
 6. Debate com representante da Igreja, da Imprensa e da Academia para discutir sobre as relações instituição Igreja Católica x Imprensa;
 7. Realizar Concurso de fotografia a partir de um tema proposto com antecedência;
 8. Criar Prêmio para melhores trabalhos de comunicação que 
pode ser por categorias (exemplo: rádio, web, impresso, 
fotografia, pastoral);
 9. Organizar jogo de futebol (agentes da PASCOM e padres x 
imprensa);
10. Confeccionar selo de comunicação com assinatura do bispo local;
11. Realizar feira pastoral.22
ofertório Paulino pela comunicação Social
Bem-aventurado Tiago Alberione
 1. Senhor, ofereço-vos, em comunhão com toda a Igreja, Jesus 
na Eucaristia e a mim mesmo, como oferenda permanente 
e agradável a vós.
 2. Em reparação pelas mensagens errôneas e comportamentos equívocos, divulgados pelos meios de comunicação.
 3. Para que regressem à casa do Pai aqueles que se afastaram, 
seduzidos por esses poderosos instrumentos.
 4. Pela conversão daqueles que, no uso desses instrumentos, 
desconhecem os ensinamentos de Cristo e da Igreja, e desviam a humanidade do caminho da salvação.
 5. Para que todos sigamos o único Mestre, que, na plenitude 
do vosso amor, enviastes às pessoas, e que nos apresentastes, dizendo: “Eis o meu Filho amado. Ouvi-o!”.
 6. Para que todos conheçamos e procuremos tornar conhecido 
Jesus, Palavra encarnada, o único e verdadeiro Mestre, o caminho seguro que nos leva a conhecer o Pai e a participar de 
sua vida.
 7. Para que aumentem, na Igreja, os sacerdotes, os consagrados e consagradas, os leigos e leigas que, através dos meios 
de comunicação, anunciem às pessoas a mensagem evangélica da salvação.
 8. Para que os comunicadores e comunicadoras – escritores, 
técnicos, divulgadores – sejam pessoas evangélicas, capacitadas em sua área de trabalho, e autênticas testemunhas 
de Cristo no campo da comunicação social.23
 9. Para que as iniciativas católicas nesse setor cresçam em nú-
mero e eficácia, de tal modo que, promovendo os valores 
humanos e cristãos, superem tudo o que se opõe à salvação 
das pessoas.
10. Para que nós, conscientes de nossos limites, nos aproximemos, com humildade e confiança, da fonte da vida, e nos alimentemos, com humanidade e confiança, da fonte da vida, 
e nos alimentemos com a vossa Palavra e com a Eucaristia.
11. Por todas as pessoas, nós vos pedimos, ó Pai, luz, amor e 
misericórdia.
cântico das criaturas
Na intuição de Tiago Alberione - Fundador da Família Paulina
1. Louvado sejas, meu Senhor, pela Imprensa.
Ela é alimento da inteligência e luz para o Espírito.
2. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que os livros, revistas e jornais aproximam as pessoas, diminuindo 
as barreiras do espaço e do tempo.
3. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que as notí-
cias e conhecimentos circulam por toda a Terra, dando novas 
oportunidades para a divulgação do ensino para a luta contra 
a ignorância, para a promoção e libertação da pessoa humana.
4. Louvado sejas, meu Senhor, pelos discos e cassetes.
Por meio deles, a música penetra e se grava no coração de 
quem ouve e de quem canta.
5. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que os discos e cassetes se tornam uma extensão da tua voz e que a 
música nos fala o que as palavras não conseguem dizer.24
6. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que as gravações enriquecem o nosso ser, colocando-nos em contato 
com a realidade viva do mundo do espírito e do mundo 
em que vivemos, dando oportunidades para as pessoas se 
tornarem mais conscientes, mais livres, mais participantes.
7. Louvado sejas, meu Senhor, pelo rádio, que caminha nas 
asas do vento e torna o mundo tão pequeno.
8. Louvado sejas, meu Senhor, por este amigo das pessoas solitárias, por este companheiro do nosso povo, do brasileiro 
que “não vive sem o rádio”.
9. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que o rádio 
leva os benefícios de informar, ensinar, educar e divertir todas as camadas de nosso povo, promovendo, assim, maior 
igualdade entre os homens.
10. Louvado sejas, meu Senhor, pelo cinema, pela televisão, 
pelos audiovisuais e por todos os novos meios de comunicação que a inteligência humana continua a criar.
11. Louvado sejas, meu Senhor, por todas as vezes que esses 
meios de comunicação difundem os verdadeiros valores 
humanos e servem de descanso e lazer, libertando as pessoas do peso das preocupações cotidianas.
12. Louvados sejas, meu Senhor, por todas as vezes que os modernos meios de comunicação se colocam realmente a serviço da pessoa humana e fazem cada homem um ser mais 
consciente, mais participante do drama, dos problemas e 
dificuldades de todos os homens, criando mais compreensão mútua e conduzindo ao crescimento de todos.
fonte: cnbb.org.br 

Nenhum comentário:

Postar um comentário