Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”.
Toda a atenção da Igreja concentra-se naquele que nasceu para nós. Quem é ele? Somente com nossas forças, somente com nossa razão, jamais poderemos descobrir e experimentar de verdade! A carne e o sangue não podem experimentar quem é Jesus se não for dado pelo Pai, que nos revela no Espírito e nos atrai a Jesus nosso Senhor! A fé é graça, a fé é dom de Deus: ninguém pode vir a conhecer o Cristo se o Pai não o atrair!
Por isso, humildemente, a Liturgia nos apresenta o humilde e santo testemunho de João: “Não, não sou eu o que deve vir! Não sou eu a alegria do vosso coração, o sentido da vossa vida! Não pareis em mim, não vos detenhais no meu ministério! Eu não sou o Cristo-Messias prometido”.
Que exemplo para mim e para todos os ministros de Cristo! Que nenhum de nós queira ser o centro, queira conduzir o rebanho para nós mesmos! Não é o amigo do padre que é santo; é o amigo de Cristo! Não é quem é próximo do bispo que se salva, mas quem é próximo de Cristo! É Cristo quem salva, é Cristo quem dá sentido à nossa vida, é Cristo quem nos aconchega no seu coração! Maldito o ministro que atrai para si e não para o Senhor! É um ladrão, que deseja roubar as ovelhas do Cristo para seu próprio benefício! Morre ele no seu coração de pastor e mata a ovelha, pois não lhe pode dar a vida em abundância que somente Cristo pode conceder. Sigamos nós o exemplo de João; tenhamos a coragem de dizer o tempo todo, por palavra e por ação: “Eu não sou o Cristo, eu não sou quem procurais! Eu sou somente um servo, uma seta, um indicador, um arauto, um profeta!”
Eles perguntaram: “Quem és, então? És Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?”
João não é Elias, mas é aquele que veio com o espírito de Elias: como Elias, ele vem do deserto, como Elias denuncia o pecado de Israel inteiro, chamando-o à conversão, como Elias proclama o senhorio de Deus, como Elias entra em conflito com o rei e é perseguido pela esposa do governante, como Elias é perseguido pela defesa do Reinado soberano de Deus! João também não é o Profeta, o Novo Moisés anunciado no Deuteronômio. Esse Profeta seria o Messias! João de modo algum deixa dúvidas: ele não é o Esperado de Israel!
João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías.
Eis quem é João: a voz que proclama a Palavra, o arauto que anuncia o Rei, o servo que precede o Senhor! João é verdadeiro, João é humilde! Por isso mesmo seu nome é grande e bendito na Igreja. Ano após ano a sagrada Liturgia fá-lo novamente anunciar o Cristo, preparar o caminho do Messias no nosso coração. Ano após ano ele, o Precursor, nos apresenta o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Porque foi fiel, sua memória permanece, sua missão durará enquanto o mundo existir!
Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. Isso aconteceu em Betânia além do Jordão, onde João estava batizando.
Em outras palavras, a pergunta colocada para João é esta: por que inauguras este rito novo de lavar as pessoas para que se arrependam se não és o Messias nem Elias. Os judeus não compreenderam que João era o profeta anunciado no Antigo Testamento como o último, o que prepara a vinda do Messias... João esclarece com duas explicações: (1) Eu batizo com água, de modo provisório. No meio de vós já se encontra aquele que esperais, mas ainda não o conheceis. Ele é o Messias, o Ungido, pleno do Espírito, que vos batizará com o Espírito! (2) Eu estou a serviço dele. Meu batismo é provisório e prepara o dele. Sou seu servo e não sou digno sequer de desamarrar-lhe as sandálias.
Eis, pois, caro Leitor, quem é este Menino nascido em Belém para nós! Vinde, adoremo-lo!


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