O Deus ao qual Jesus chama Abbá-Pai é o Deus de Israel,IHWH, que tem as mesmas características do pai da parábola do “Pai e dos dois filhos” (cf. Lc 15,11ss):
É humilde, pois respeita as decisões do filho, mesmo à custa da própria dor. O Deus de Israel ama o seu povo e respeita suas escolhas até “encolher”, “retirar-se” para dar espaço à liberdade da criatura amada: “Eu ouvi uma linguagem desconhecida: ‘Aliviei do fardo seus ombros, e suas mãos depuseram os cestos. Clamaste na aflição, e eu te livrei; respondi, oculto no trovão; provei-te nas águas de Meriba. Ouve, povo meu, quero advertir-te! Vê, Israel, se me escutas! Não terás deus estranho, não adorarás deus estrangeiro. Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito. Abre bem a boca e eu a encherei. Mas meu povo não escutou minha voz, Israel não me atendeu... Ah! Se meu povo me escutasse! Se Israel seguisse meus caminhos, eu prontamente humilharia seus inimigos, descarregaria a mão sobre os adversários; os que odeiam oSenhor lhe seriam submetidos, seu destino estaria fixado para sempre. Eu o alimentaria com a flor do trigo. Eu te saciaria com o mel do rochedo’” (Sl 81,6b-17).
É capaz de sofrer por amor, não sendo nunca indiferente ao comportamento do seu povo: ele é hesed (amor forte, persistente, fiel nas provações) e rachamim (amor materno, visceral, entranhado, pelos filhos). Trata-se de um Deus que ama de tal modo que deseja não ser mais ele mesmo se não for conosco: Deus-conosco: “Sião dizia: ‘O Senhor me abandonou, meu Deus me esqueceu!’ Pode uma mulher esquecer sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho de suas entranhas? Mesmo que alguma esquecesse, eu não te esqueceria! Eis que eu te gravei na palma da minha mão, e tuas muralhas estão continuamente diante de mim” (Is 49,14-16). “Quando Israel era um menino, eu o amei e do Egito chamei meu filho. Mas quanto mais eu os chamava, tanto mais se afastavam de mim. Fui eu, contudo, quem ensinou Efraim a caminhar; eu os tomei nos braços mas não reconheceram que eu cuidava deles! Com vínculos humanos eu os atraía, com laços de amor; eu era para eles como quem levanta uma criancinha a seu rosto, eu me inclinava para ele e o alimentava. Como poderia eu abandonar-te, Efraim, entregar-te, Israel? Meu coração se contorce dentro de mim, minhas entranhas se comovem. Não executarei o ardor de minha ira, não tornarei a destruir Efraim, porque eu sou Deus e não homem, sou o Santo no meio de ti e não retornarei com furor” (Os 11,1-4.7-9).
visão cristã
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