terça-feira, dezembro 07, 2010

O AUSTERO JOÃO BATISTA


O Domingo passado (1º Domingo do Advento) nos pedia uma esperança e uma vigilância ativa. O Senhor vem, mas nós é que temos que ir ao seu encontro. Isto exige uma mudança de mente e coração, quer dizer, requer nos voltarmos para Deus.

A mensagem deste segundo Domingo do Advento é a conversão através da imponente imagem do último dos profetas do Antigo Testamento, João Batista, assim elogiado por Jesus: “Dos nascidos de mulher ainda não surgiu um maior que João Batista.” (Mt 11,11) João nos pede hoje a conversão, que vençamos os riscos difíceis de nossa vida, que creiamos no Reino de fraternidade que Cristo nos anuncia e, sobretudo, sejamos austeros pois “o Reino de Deus está perto.” (Mt. 3,2)

Entre as leituras bíblicas do Advento, Isaías é sem dúvida alguma a principal, tanto pela frequência com que são lidos seus escritos durante esse tempo, quanto pela antiguidade com que o livro é usado durante o Advento. Em relação à frequência – pelo menos no ciclo A – em nem um só dia do Advento seu texto deixa de ser lido. Quanto à antiguidade da prática de ler Isaías durante as semanas anteriores ao natal, basta dizer que desde os lecionários mais antigos (séc. VII) que chegaram até nós, figura sempre Isaías. Se nos perguntássemos por que Isaías é lido no Advento, talvez tivéssemos que responder que a leitura de Isaías durante as semanas que precedem o Natal é mais antiga que o próprio Tempo do Advento.

Mas posteriormente foi sendo descoberto que, por várias razões, a espiritualidade de Isaías combinava-se bastante bem tanto com o sentido escatológico do Tempo do “Advento”, ou seja, a “Vinda”, quanto com a preparação do Natal... Assim, portanto, por motivos diversos e confluentes, Isaías foi convertendo-se no livro da espiritualidade do Advento por antonomásia.» (Farnés, 2007.) “O toco de Jessé brotará, de sua cepa brotará um rebento, sobre o qual pousará o espírito do Senhor... Julgará com justiça os desvalidos, sentenciará com retidão os oprimidos... a justiça será a faixa de seus lombos e cingirá como cinto a verdade...” (Is 11, 1-5) São belas todas as leituras do profeta Isaías que profetizam sobre a chegada do Messias, o Cristo Jesus Aquele que será justo e dará a paz à terra e os conflitos desaparecerão. Em Isaías “o capítulo 11 é constituído de dois oráculos de consolação (Is 11, 1-8 + 10-16) ligados por uma referência ao tronco de Jessé... O primeiro oráculo concentra-se na figura do novo rei, fala-se, explicitamente, da presença do Espírito do Senhor sobre o descendente davídico... Isaías deixa de descobrir os grandes feitos da justiça do rei: não julgará pelas aparências ou segundo a opinião da moda, e, sobretudo procurará fazer justiça aos pobres e oprimidos...

A descrição deste feliz reinado termina com a visão de uma natureza renovada, em que até os animais, por natureza inimigos, convivem pacificamente, submissos à razão humana representada por um menino que os conduz. Uma visão parecida com a de um pacto entre Deus e a natureza a favor do homem.” (Oporto, 2004.) “Então o lobo e o cordeiro andarão juntos, e a pantera se deitará com o cabrito, o bezerro e o leão engordarão juntos; um menino os pastoreia; a vaca pastará com o urso, suas crias se deitarão juntas, o leão comerá palha com o boi. A criança brincará na cova da áspide, a criatura porá a mão no esconderijo da serpente.” (Is 11,6-8) Sob a forma de uma alegoria, onde os animais todos convivem em paz realiza-se a utopia maravilhosa da reconciliação universal, antecipação do verdadeiro e definitivo reino de Deus. Um belo poema messiânico que canta uma paz definitiva, um novo paraíso. Essa paz, no seio da humanidade e essa reconciliação universal só podem realizar-se pela conversão como nos proporá outro profeta, João Batista.

O Evangelho segundo Mateus (Mt 3,1-12) nos apresenta uma outra figura característica do Advento: João Batista, o precursor, que prepara os caminhos do Senhor, o anunciador dos tempos messiânicos e da espera escatológica. Um homem que está no deserto, mas sonha com uma história nova e renovada e usa para isso as armas próprias dos apocalípticos: o machado que corta a raiz, que destrói para renovar. João tinha uma vocação forte e um comportamento austero. Sua sinceridade era evidente e essa sinceridade lhe custou a vida por não se calar diante dos pecados do rei Herodes. Ele aparece no deserto da Judéia. O deserto não é um lugar de morte, frequentemente, na Sagrada Escritura é considerado como lugar privilegiado do encontro com Deus.

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